Matheus Montanari

Este trabalho se desenvolve a partir de uma investigação com e sobre o eucalipto. Atualmente, os eucaliptos estão entre as árvores mais plantadas no Brasil, apesar de sua origem australiana. Enquanto lá, as florestas de eucalipto cobrem cerca de 77% da área de mata nativa e são responsáveis pela manutenção de grande parte da biodiversidade do país, aqui no Brasil, ela foi implantada em uma polêmica lógica de monocultura que deixa para trás os chamados “desertos verdes”. O mesmo tipo de árvore na Austrália é considerado sagrado pela população indígena, mas no Brasil as comunidades indígenas sofrem constantes conflitos com o uso da terra, o bloqueio da luz solar e o uso de agrotóxicos nas proximidades de seus territórios. Por meio dessa dualidade, a obra explora os perigos de adotar uma única visão hegemônica de natureza, cultura e tecnologia sem levar em conta as variações locais. 

O vídeo é criado com um modelo escaneado em 3D de uma árvore de eucalipto. Esse modelo digital também está inserido em uma lógica de monocultura, onde é copiado e colado várias vezes. Isso ocorre em um processo generativo que, com um sensor ultrassônico, capta a aproximação do público com a obra ao longo do período da exposição, depois repete cada vez mais as imagens e, à medida que as imagens se repetem, menos reconhecíveis elas se tornam, gerando uma decomposição por repetição.

 

Ao mesmo tempo, aparecem também mapas de localização de florestas de eucalipto na Austrália e no Brasil, sofrendo o mesmo tipo de operação, que muda seu posicionamento e escala.

O trabalho propõe uma monocultura de modelos 3D, que se repetem em tal escala que decompõe a imagem que formam.  A instalação explora a urgência de uma multiplicidade tecnodiversa para enfrentar os desafios do Antropoceno. Propõe o contato como transformação pela relação (não)humano-vegetal. Aponta a aproximação como alteração pela repetição vazia de cópias de modelos 3D.

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